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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Lenda IV

OXAGUIÃ MANDA LIBERTAR O AMIGO PRESO INJUSTAMENTE.

O filho de Oxalá tornou-se um guerreiro forte e decidiu um dia conquistar um reino para si. Partiu em companhia de seu amigo Auoledjê, conquistou Ejigbô, tornando-se seu rei, o Elejigbô. O rei tinha uma grande paixão, comer inhame pilado, e comia com gula, tanto que o chamavam Oxaguiã, que quer dizer “Oxalá Comedor de Inhame Pilado”.

Um dia Auoledjê, que era grande babalaô, precisou partir de Ejigbô, antes disso, aconselhou Oxaguiã que fizesse oferendas, que tornariam o reino próspero.

Assim, como previa Auoledjê, Ejigbô tornou-se uma grande cidade, rica e bem guardada pelos bravos soldados de Oxaguiã. O rei Elejigbô vivia em fausto entre seus súditos, por quem era chamado de “Kabiyesi”, que é o mesmo que Sua Majestade.

Na intimidade os amigos o chamavam de “Comedor de Inhame Pilado”, mas em público isso era uma heresia. anos mais tarde, Auoledjê retornou a Ejigbô. ao adentrar a cidade, procurou logo por oxaguiã, “Onde está o Comedor de Inhame Pilado?”, perguntou, os soldados, que não o conheciam, ficaram furiosos com tamanha insolência. Isso era jeito de se referir ao rei?

Prenderam e maltrataram o desconhecido amigo de Kabiyesi, Auoledjê ressentiu-se da humilhação, com seus poderes mágicos, vingou-se. Durante sete anos todas as catástrofes conhecidas, e não faltando a seca, assolaram o reino de Oxaguiã.

Oxaguiã, desesperado, procurou os adivinhos, e pelo oráculo eles viram a prisão de Auoledjê, um amigo de rei estava preso injustamente. Oxaguiã correu para prisão para libertar o velho amigo. Oxaguiã libertou-o, mas ainda ressentido, escondeu-se na mata.

Elejigbô buscou o velho amigo, suplicando seu perdão, Auoledjê cedeu com uma condição: que nuca aquele povo se esquecesse dessa injustiça, Todos os anos o povo deveria flagelar-se, em memória do funesto acontecido.

Assim, todos os anos, o rei deveria mandar pessoas à floresta cortar varetas. os súditos, divididos em dois grupos, tomariam as varas, simulariam golpes uns nos outros, sem parar, até que as varetas se quebrassem, para que nunca se esquecessem daquela injustiça praticada contra o amigo de Oxaguiã.

Assim foi feito e o reino de Oxaguiã voltou à tranqüilidade e Oxaguiã foi o maior dos reis de Ejigbô. Quando ele foi para o Orum, transformado em orixá, seu culto não se esqueceu do velho amigo babalaô, coma as varetas de Oxaguiã, com atoris, seus adeptos renovam sempre a memória da injustiça, para que ela não volte a acontecer.

Notas bibliográficas
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi - 2001

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